Acho que guardo minha paixão no processo de ouvir – ou não – os outros.
Meu medo guardo para noites de sábado em vespera de concurso.
Minha dor guardo nas meias palavras agressivas para pessoas que conversam dentro do cinema.
Meu Amor guardo em orações ao fim de cada dia.
Minhas amizades guardo no tempo que dedico ou dediquei a cada uma delas.
Minha fé vem do ouvir e ler a Palavra.
Minha escrita na internet, por outro lado, guarda confabulações desprentenciosas – aquela tal de paixão leve.
O futebol guarda toda violência simbólica do cotidiano reprimido (todas mesma, andei notando).
A música só venho ouvir em dias não nublados então ela não tem nenhuma paixão.
Agora a Paixão maiúscula guardo nas cartas manuscritas que nunca envio. Cartas de vida e morte que desenho em madrugadas de vento frio. Cartas mentais para destinatários desconhecidos, ou, por outro lado, conhecidos até demais. Cartas que não viram objetos de paixão alguma. Apenas existem e isso basta.

Acho que falta arte visivel na minha vida.
Talvez dança, esporte, amigos concretos – não de concreto. Talvez música.



 

Pra falar verdade, às vezes minto
Tentando ser metade do inteiro que eu sinto
Pra dizer as vezes que às vezes não digo
Sou capaz de fazer da minha briga meu abrigo
Tanto faz não satisfaz o que preciso
Além do mais, quem busca nunca é indeciso
Eu busquei quem sou

 

 

 

 

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