Vem do alto? Vem do lado? De onde?
Talvez fosse azul. Talvez fosse branca. Incrivelmente branca.
Creio eu que é branca, mas posso acreditar se disser azul.
Um monitor de algum computador. Ou de qualquer coisa. Não é isso que fará a diferença.
Talvez por isso a luz se encontre ali. Produzindo a penumbra.
Propiciando o momento.
Entregará o que preciso saber. Cedo ou tarde.
É o que meus olhos dizem para os seus.
Você nao parece entender. Ou pior: Não me leva a sério.
Sei o que espera pra enlouquecer. Para ceder.
Está me testando? Queres tu saber até que ponto vai a crueldade humana personalizada em mim?
Não estas em condição de fuga. Nem de escolha. Apenas diga. Prometo lhe deixar vivo. Se for um bom sujeito talvez lhe deixe até em Paz.
Não tenho outra escolha a não ser continuar meu ofício.
De todos os olhares que vi nesta arte tão cruel os seus são mais profundos e os que mais tenho vontade de desvendar. Sinto imantada a não desistir de ti. Por meio segundo quase que ponho tudo a perder. Quase me rendo a compaixão que reverbera do seu olhar. Mas não me sinto digna de recebe-la. Não na posição que me encontro.
Posição de Algoz.
E neste instante sinto que perco a chance de sair vitóriosa dessa ação.
A dor física é sentida no barulho que despedaça algo que não vejo.
Perco seus olhos e sinto a noite chegar com a respiração ainda hesitante.
O sono. O medo. E o espelho que acabo de esfanicar.
A luz se apaga.
![[partida e chegada, solidao que nada...] [partida e chegada, solidao que nada...]](http://desanuviar.freehostia.com/wp-content/uploads/2010/02/partida-iii_flirckr1-300x198.jpg)
Alguém me espera
E adivinha no céu
Que meu novo nome é
Um estranho que me quer
Ela é um satélite
E só quer me amar
Mas não há promessas, não
É só um novo lugar
Viver é bom
Nas curvas da estrada
Solidão, que nada
Viver é bom
Partida e chegada
Solidão, que nada
