Seu ritual de despedida foi apenas um olhar de ternura.
Longe de sua alcatéia, o lobo já não é mais lobo.


É apenas um espectro.
Um fantasma vagando nos olhos negros da floresta.


Ele sente uma silenciosa força, um entendimento imediato,
um impulso de retornar a ser o que era antes de ser lobo.


Ainda vivo, ele observa os vermes festejando em sua carne.
Um predador se torna a presa de feras tão pequenas.


Agitam em seu cérebro neurônios preguiçosos e ele se lembra das caças em bando.
Suas derrotas e vitórias agora dançam distantes,
igualmente embriagadas e um amor indisível acorda em seu peito.
Fui lobo – ele pensa.


Uiva uma última vez,
assinando no assombro de pequenos roedores sua despedida.
Cansado, o lobo deita e pouco a pouco,
seu corpo toma a baixa temperatura da relva.
Sua floresta é um denso esquecimento.
Agora a lua orbita em seus olhos.
As águas de um rio próximo ecoam distantes,
e o lobo mergulha em sua própria escuridão.


[do reader]

lobo





Estamos indo, de volta pra casa…









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