Arquivo da Tag: Poesia


Quadrilha


João amava Teresa que amava Raimundo

que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili

que não amava ninguém.



João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,

Raimundo morreu de desastre, Maria ficou pra tia,

Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes

que não tinha entrado na história.




Continuar a Ver »

Naquela tarde nublada,  em outro atipico mês de agosto, uniformizados, sentados no meio fio, lemos poesia juntos pela primeira vez.  Você me ensinou a Amar poesia enquanto recitava Gibran pra mim.

Frequentemente no endividamos
com o futuro


para pagar as dívidas do passado

Não vejo a hora em que chegue a eternidade:

lá encontrarei

as poesias que não escrevi e os quadros que não pintei


Um livro de capa amarela da biblioteca que riscamos a lápis.

Você me disse que duas pessoas que leem poesia juntos tem sua alma ligadas pra sempre e que deveriamos nos casar com alguem que lesse poesia para nós. Eu disse que você se casaria com alguém que odiasse poesia, porque ai quando você lesse ia lembrar só de mim. Já que nossas almas já estavam unidas seriamos pra sempre um do outro. Você riu (como adorava rir daquele meu ar inocente), tirou do meu rosto uma mecha de cabelo, colocando-a para traz da orelha e disse que eu também me casaria com alguém que não gostaria de poesia, mas me apaixonaria por qualquer um que lesse poesia.

Vim para dizer uma palavra e a direi


Caso a morte me atinja

antes que eu a pronuncie

o futuro haverá de proferi-la


O futuro, de fato,
não deixa segredos

no livro Infinito


Aquilo que hoje eu digo com um só voz,

haverá o futuro de repeti-lo com muitas vozes.


“Você não ama o poeta, ama o poema. Alma doce e apaixonavél precisa ser acalentada pela arte”.

Eu te dei língua. Você riu mais uma vez.

- A verdade é que a poesia será só sua, não vai dividi-la com quem se casar, você é egoista demais para isso.

-Você se casará com uma mulher fútil demais para entender arte

-Você vai discutir política, futebol e religião com seu marido, não arte.

- Ark! (Eu tinha 13 anos e não gostava de política, futebol nem religião)

- E você vai se esquecer de mim enquanto sua alma endurece com esses ‘assuntos importantes’.

- Você vai arrumar alguém que nem esses assuntos converse com você.

- (Riso) Eu sei. Aqueles que amam a arte são sozinhos por natureza, se encontram na solidão e nas poucas almas que sentem o mesmo. Eu não procuro mulher como você, que possa entender minha alma. Já te encontrei.

- (Olhos brilhando de encanto, baixos , envergonhados) Será que essa sina vai me perseguir por toda vida?

- Que sina?

- Amar poesia. E ser apenas  a melhor amiga do poeta.

- “Mas és escravo da pessoas que amas,

porque a amas,

e és escravo da pessoa que te ama,

porque te ama.”


Havia um livro de capa amarela da biblioteca que risquei a lápis. Jurei que apagaria depois. Você riu, disse que voltaria dez anos depois na escola e ainda encontraria o livro riscado. Pode voltar.

Não vai acha-lo mesmo, roubei o livro poucos anos depois. Hoje encontrei na minha estante, velho, amarelo e riscado.





(Trechinhos de Kahill Gibran:
 No Futuro e Liberdade e Amor.
 No livro: Para além das palavras, 1995.)



Pela Leveza
Pelo Carinho
Pela Alma transparente

Quem Me define melhor??
;)
poesia

Rafa:

venho aqui agora
escrever o q eu acho
a minha opinião
sobre dona leticia

leticia?
amiga
capitalista sentimental
socióloga
q vai trabalhar no estádio de futebol
e esquece a teoria
pq com teoria
nada resolve!!!
uma vez foi comigo ao estádio
pedi pra ela ir de vermelho
mas ela foi de verde

ah
verde
sei como é

ta bom

agora ta concluindo o trabalho e falou q vai lá pra educação fisica!!!
cuidado com o joelho moça
e tb com erneas de disco
de disco
de disco
de disc
de disc
disc
disc
dis
d
d
.
.

disco ta arranhado!!!!

então vai lá
pro jogo
do goias
fazer pesquisa de campo!!!!
a gente se fala!!!
mande noticias dos seus investimentos

ehheheheheh

bjos de quem te adora


Pelos beijos que poupei,
pelas pratas empenhadas,
pelas horas que não sei
onde foram derrubadas;

pelo breve candeeiro
que me tem encandeado,
pela falta de dinheiro
para o supermercado;

pela fuga dos amigos,
pela música calada,
pelos dias resumidos
ao encontro com o nada;

pelo pó da autoria
no fundo das estantes,
e pela miopia
dos soluços dominantes;

pela tinta nos meus dedos,
pelos passos sem destino,
pelos tojos e penedos
no meio do caminho;

pela vida dicionária,
exangue de ilusão,
e a arte solitária
de morrer do coração.

José Miguel Silva, in O Sino de Areia, Gilgamesh, Agosto de 1999.

Não sei…


Não sei… se a vida é curta…
Não sei…
Não sei…
se a vida é curta
ou longa demais para nós.

Mas sei que nada do que vivemos
tem sentido,
se não tocarmos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:
colo que acolhe,
braço que envolve,
palavra que conforta,
silêncio que respeita,
alegria que contagia,
lágrima que corre,
olhar que sacia,
amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo:
é o que dá sentido à vida.

É o que faz com que ela
não seja nem curta,
nem longa demais,
mas que seja intensa,
verdadeira e pura…
enquanto durar.

Cora Coralina

Related Posts with Thumbnails
Movido a Wordpress. Tema Motion traduzido por WPThemesPT.