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Um dia, imagino eu, vamos tomar um café com menta naquele local caro e conversar aleatoriedades até a hora de você me deixar na festa na mesma rua, um pouco ali pra frente. Estará chovendo e eu vou sujar meu salto no barro  no caminho do restaurante até o carro. Sempre tem terra vermelha molhada onde piso. Vamos rir bastantante da minha loucura de desenhar corações no seu vidro. Imagine se que depois de muito papo-cabeça, um virará para o outro e desejará qualquer outra coisa que não conversar papos-cabeça que não levam a lugar algum. Mas neste instante ela te ligará. Desejarei beber e fumar. Vocês vão brigar. Eu não vou ter coragem de sair pra dançar deixando você no estado que se encontrará. Você vai dizer que a culpa não é minha. Eu não vou me convencer.Você vai resmungar qualquer coisa sobre já não aguentar mais. Vou reparar que já terá parado de chover. Acho que decidirei não ir mais a festa. Penso que procuraremos um Pão de Açucar aberto e compraremos um vinho. Penso que será o mesmo vinho de sempre. Penso que compraremos algo pra comer também, a meu pedido lógico, pois não vou beber mais uma vez de estômago vazio e cabeça cheia. A título de comprovação nosso: isso nunca foi boa saída. Haverá cigarros também, porque você sabe: cigarros apenas quando a noite pede. E nossas noites, nessa altura da vida, incrivelmente pedem.
Imagine então, que logo após eu virar metade da garrafa praticamente sozinha (você bebendo pouco porque estará dirigindo) ou sóbria mesmo, eu te encare  e  te faça qualquer proposta recusável -visto meu estado. Imagino então que no segundo cigarro (marlboro light, não é?) você me lembre do local público que estaremos. Me puxará de lado e  aceitará a proposta em tom de recusa. Haverá risos no tom de ironia disso tudo. Sentaremos perto um do outro no meio fio molhado e riremos como bons amigos em noites de sexta feira. Contaremos histórias reais mas que mereceriam ser apenas fantasias.  Talvez nessa mesma noite seu pai me veja, meio sem querer, no estado deplorável de ser humano: suja, bêbada e transpirando cigarro por cada poro do corpo (oras! ao menos bons cigarros por favor…). Talvez  ele ainda brigue contigo e te ensine a levar boas companhias para casa no meu lugar. rsrs.
Imagino por fim que outro dia- ainda mais no futuro- eu ainda vou rir com levesa desta noite tão tensa – diria densa?
E quando recorda-la com carinho, ela virará poema. xD (yn) juro!

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