Desanuviar

Ela teve vontade de chorar.
teve vontade de gritar.
teve vontade de ofender.

Rabiscou algumas linhas
disse poucas e boas ao papel
enquanto se continha para não dizer
em voz alta o que agredia seu pensamento

Enxugou o rosto com uma das mãos enquanto segurava com a outra o pequeno pedaço de papel. Leu toda sua dor e de repente não entendeu como aquilo tudo saiu de dentro dela mesma. Já não sentia. Alivio. Suspiro. Frágil sorriso.A escrita lhe ofereceu paz e uma pausa para reflexão. Lhe devolveu a vida que atirou a raiva momentânea.Riso ainda contido.
mais um suspiro.

Resolveu lhe dizer o que sentia no outro dia pela manha,
sob a calma de um novo dia – claro.
Desistiu por fim.
Apenas esquecer.
Perdoar.
Relevar.
Se conter.

Talvez ele valha a pena o perdão.
talvez não.
Mas não vale o desgaste.
e tentou se convencer que aquela guerra travada consigo mesma
continuava sendo por si mesma, por mais ninguém.
Talvez de tanto se esforçar, virou verdade
-ou não

Eescondeu, então, em um lugar público o que sentia
assim, mesmo que ele notasse,
mesmo que ele visse,
jamais saberia…

ainda em tempo: o poeta está errado,
há Felicidade em ignorar certas coisas

assim se fazem escritores

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