É muito difícil Lê,

Porque eu nunca me esforcei tanto, tanto como dessa vez!
E até agora eu tento entender porque essas coisas acontecem comigo…
É imensamente ruim ter que dizer a todos que acreditaram e torceram que mais uma vez não deu certo !!!
Eu nem sei o que fazer a partir de agora…
Recomeçar, mais quantas vezes eu terei que fazer isso ?
Não que eu achasse que meus problemas acabariam com essa conquista,
Eu só queria trocar de problemas, porque desse mesmo de sempre eu já cansei…
E nem sei se tenho forças pra fazer qualquer coisa!
Eu sinto que tô velha, que tá todo mundo indo e eu ficando. =/
Como se eu tivesse parada no tempo,
todo mundo construindo suas vidas e eu sempre buscando o mesmo sonho impossível!
Tô pensando em mudar os planos…
Mas não é nada certo, não consigo me ver fazendo outra coisa…
Eu pedi tanto, mais tanto a Deus pra dar certo,
Vai ver então não é isso que vai me fazer feliz…

Ai Lê eu tô totalmente perdida!

Saudades suas …
E eu queria muito teu abraço!
;*


Porque sabe, acho que tá todo mundo nessa!

Sério! Andei lendo o blogue da Patrícia e todo mundo se enfiou nessa!
E abraços não curam dor Amiga.
Nem expor publicamente por aqui vão facilitar as coisas, eu sei…

Mas sabe, fiquei sem ter o que dizer.

Eu… eu me peguei desabafando sobre os mesmos assuntos não faz nem 5 dias. E essa angustia que bate aqui dentro, que não deixa saber pra onde vamos. E essas linhas que li que pareciam escritas por mim!
E esse Deus punitivo que construímos. É isso que Ele dá ao nosso coração? Eu não quero, e já cansei de ouvir, frases prontas de quem ’sabe’ que tudo será melhor um dia. Sei de cor. Você conhece também.

As vezes me sinto melhor lutando sonhos dos outros porque já não encaixo nos meus.
Eu não acho os meus. Acho que eu nunca soube  quais eram.
E eu… justo eu que tive minha vida no lugar.
Tudo certinho… um futuro planejado nas páginas de um bloco de notas.
Encontro um Deus que ri dos meus planos e me desafia a ouvir Seus silêncios.
E eu não consigo Entendê-lo.
E confundo esperança com preguiça de continuar lutando.
[Medo que batizei de preguiça pra usar a culpa com gosto e atormentar ainda mais meu espírito]

Todos os dias  olho os papéis e digo ‘Nunca me esforcei tanto como hoje’
e a madrugada joga um balde de água fria dizendo que não é o bastante.
E nunca será.
O meu melhor não basta pro mundo.

E já não sei se dá tempo de mudar de planos.
Por que eu sei que ao final de todas as coisas que planejo ainda vou encontrar  decepções.
Um vazio que me afastará ainda mais do que penso ser a Paz. A felicidade. O descanso.
O looping infinito  das derrotas configura até mesmo minhas mudanças, entende?

E resta só o vazio.
E sabe é só vazio mesmo.
Só vazio.

E já não aguento dormir molhada, com frio e sem vontade de continuar.
Não aguento mais acordar no dia seguinte já sabendo o final dessa história.
E encarar os olhos de piedade dos que venceram.
E suas falas doces.
E seus meios sorrisos.

E eu, justo eu, que sempre detestei essa vida medíocre de meios sorrisos…
Ora! Me pego desejando, ao menos, essa vida patética.
Qualquer canto, qualquer buraco, que me tire dessa paralisia de espírito.
E vejo em gente que não admiro, felicidades maiores que as minhas.
E sinto nojo.
Raiva.

Nem mesmo a ideia de que o sentimento é coletivo é confortante!

 

E estamos aqui. Eu e a minha geração pensando:

Que vazio é esse?

*Pausa para sentir o fracasso inteiro nessa colocação*

A sensação de perder mesmo quando se ganha.
A lacuna que jamais foi preenchida. A satisfação nunca alcançada.

Não faço drama, sei que a vida me sorri em alguns momentos (só alguns), e quando eu pensava que aquilo me faria feliz, vou lá, consigo e vejo que opa, não era isso, desculpa.

As coisas vão acontecendo e tudo é tão diferente do que eu acho que deveria ser. Algo que é e não era para ser. Sendo que eu também não sei o que deveria ser. Não é uma questão de ir à luta pelo objetivo. Meu deus, que objetivo? Eu não sei. Não sonho com destinos glamourosos, sei que não sou a rainha do funk. Eu só queria algo que me encaixasse. Pode ser uma vida em um convento, pode ser uma vida no campo, pode ser essa vida de ganhar 510 reais e ter dois filhos, qualquer coisa que faça eu me encaixar nisso aí. Não vivo a minha vida, eu assisto a minha vida. Como alguém que vai ao cinema e não tem o menor controle sobre o filme. Sinto, não que falta uma coisa, mas que falta tudo. (Patrícia C.)



Ao final  o que fazemos aqui?
Se existe os outros 100 mil iguais a gente
iguais a mim

a dor não diminui.
apenas revira cá dentro.
e ri
se alimentando do cotidiano.


Mas o que raios?

 

 

Letícia
Goiânia, novembro de 2010.

 

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