Então, alguém que nem conheço descreveu cada centímetro do sentimento
E o momento, o olhar 
Não falou do Parque, nem da conversa com a Amiga horas antes
Mas falou da coragem e falou de Amor
e Musicalizou:


Nos fundo dos olhos, a prova de que algo ainda bate
de Vini Manfio


Não tive muito tempo. Não quis ter muito tempo. A maioria do que eu poderia ter dito eu não disse. Por opção. Não queria perder aquele momento com explicações, por mais sentido que elas façam. Não queria e não perdi aquele momento. As palavras, por mais espontâneas e sinceras que fossem, foram ditas com dificuldade. Sem escolha, termos corretos ou prezando por alguma coerência. Apenas falei o que precisava falar. O que queria falar.
É muito provável que elas não fizeram sentido algum. Menos sentido faria todo o resto que poderia ser dito. Dessa vez não errei, finalmente não errei. Mesmo que o coração para o qual destinei aquelas poucas palavras não quisesse ouvi-las, acho que ele ouviu. Aqueles olhos, que mais de uma vez já haviam tirado-me a concentração e as palavras, aqueles olhos… pareciam atentos ao que os meus olhos queriam destinar.
Acredito sim que a maior sinceridade está no olhar diretamente nos olhos enquanto se fala. Parece que através desse olhar os dois corações entram em sintonia e tudo que é dito faz mais sentido, isso quando o sentimento transmitido, mesmo que apenas por um lado, não ofusca tudo e aqueles olhos se perdem uns nos outros, os olhares são trocados como se nada mais fosse necessário. Difícil um tímido fazer isso, até porque é quase certo que quando falo algo a alguém eu olhe para o chão ou para os lados. Mas decidi fazer diferente, e consegui.
Eu falei. Disse. Demonstrei. Mergulhei naqueles olhos e quase afoguei-me. Queria ter afogado-me mesmo, estaria muito mais vivo do que estou hoje. Não foi possível. Talvez nunca venha a ser. Não há sentimento, por menos humano e mais divino que seja, que consiga compensar tudo o que o lado humano pode empurrar contra.
É incrível que quando deveria sumir, desaparecer ou ao menos ser esquecido, isso, esse sentimento que eu não preciso nomear, só aumentou, tomou dimensões que eu não esperava. Por mais que seja estranho, mesmo que não o viva de fato, fico feliz por tê-lo comigo.
Porque o amor vem de Deus. Amando, mesmo que não vivendo ele num todo, me aproximo de Deus.
Quando todos me dizem para esquecer, eu rio. Porque sei que, fazendo o que eu possa fazer, não conseguirei apagar o que não pode ser apagado por uma mente, por mais forte e preparada que ela seja.
É grande, é sincero.
E ao transmitir isso diretamente aos olhos, fiquei mais seguro ainda da grandeza e da sinceridade desse… amor.
Talvez seja impossível qualquer coisa que venha disso. Pois é. Mas eu já escrevi que
‘acreditar na possibilidade é racional, acreditar no quase impossível é esperança‘.
Já não me sinto mal por isso. Pelo contrário. Quero viver o que puder, mesmo que não seja tudo.
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