Eu parei de ler o que estava lendo para reler de ‘última hora’ este livro
em função de algumas coisas que li por aí, ou de coisas que vivi, não sei…
Me surpreendo toda vez.
É o livro que leio uma vez por ano, mas parece que nunca li.
Machado de Assis – 352 páginas – Nova Fronteira
Eu acho Bentinho um amargurado.
De um Amor doentio.
Alguém me diz ‘temos formas diferentes de amar, aceite as formas dos outros’
Eu não consigo pensar que este tipo de sentimento de posse é Amor
Não o amor como sentimento, talvez amor como objeto, como conquista.
Amor como substituto da solidão. Amor como supressor dos medos.
Penso que Escobar fosse um cara simpático.
Um contraste para a sonhadora Capitu que vivia com uma pessoa bacana mas que com o tempo tornou-se apenas um chato.
Talvez ele ouvisse Capitu de um jeito que o Dom Casmurro preocupado demais com seu próprio umbigo jamais ouvisse.
Talvez Capitu gostasse apenas de conversar e cada lágrima daquele velório fosse apenas uma despedida de algo que ela jamais teria de volta: boa companhia.
Não sei se o que importa é a traição ou não.
Mas uma coisa penso eu: Capitu Amava o ingrato que a acusa e que faz dela o símbolo da dissimulação e mentira por toda a literatura.
Não sei do que amor é capaz.
Mas desde criança ela escolheu estar com ele.
Com certeza era o tipo de mulher que teria qualquer homem aos seus pés. Mas esperou e desejou seu algoz.
Ela morreu gostando dele. Um carinho diferente do principio talvez. (que carinho resiste a tanta amargura?) Mas ainda carinho.
Ele matou o sentimento. Matou o casamento. Com seu amor sufocante. Angustiante. Medonho. Egoísta. Que desejou sobretudo a própria felicidade as custas do sacrifício de uma vida (ou duas talvez -pobre criança). Um ‘amor’ que foi tão pequeno que não soube ver o ente amado feliz. ‘Ou comigo ou com ninguém’ >/.
Feliz foi Escobar que morreu iludido na boa amizade de Bentinho.
Minha mente vaga em um música agora:
Tornar o amor real é expulsá-lo de você,
Pra que ele possa ser de alguém!
(Nando Reis)
É nesse amor que creio.
Em um amor que cuida do outro.
Que se importa. (com o outro)
Tudo que sufoca, esmaga.
Mata.